11 de abril de 2012

Subsídios para auxiliar na reflexão da liturgia

49º Dia Mundial de oração pelas vocações
29 de abril de 2012 - IV Domingo da Páscoa

1. Síntese da Mensagem do Papa Bento XVI
(conferir postagens anteriores)


2. A Vocação Sacerdotal
Desde o Antigo Testamento, Deus nunca deixou de providenciar líderes a seu povo, revestindo-os com Sua força e constituindo alguns como Sacerdotes. Assim aconteceu com Aarão e seus filhos.
Esse sacerdócio era uma prefiguração do Sacerdócio definitivo na Nova Aliança realizada no Sangue de Cristo. Nela, Jesus é o Único e Eterno Sacerdote que se oferece ao Pai de uma vez por todas pela salvação. Cristo escolhe bondosamente homens que tomem parte no Seu Sacerdócio. Os primeiros escolhidos foram os Doze Apóstolos que pela imposição das mãos, comunicaram esse sublime mistério a seus sucessores, de modo que a mesma graça concedida a eles continuasse sempre presente na Igreja. “O Sacerdote é considerado o homem de Deus. É um ser Humano que emprega a vida para dar culto a Deus, buscar a Deus, estudar Deus, conversar com Deus, falar em Deus, sentir Deus. É o homem religioso; é o homem sagrado. É o intermediário entre Deus e os homens; é a ponte: representa Deus aos olhos dos homens e os homens aos olhos de Deus” (Paulo VI).
O Sacerdote é a presença viva de Cristo na Igreja. Ele age “na presença de Cristo”, ou seja, através dele, Cristo continua a santificar, governar e ensinar seus fiéis a se entregar ao Pai, tomando presente no “hoje” da história seu Sacrifício Redentor.
Mesmo revestido de tão Grande dignidade, o Sacerdote é uma pessoa humana como as outras, sujeito a falhas e imperfeições. Aí se percebe que o Sacerdócio não é merecimento de ninguém, mas piro Dom definitivo. Manifesta-se assim a grandiosidade do poder de Deus, pois todo o bem realizado pelo sacerdote não vem dele próprio, e sim do Senhor.
O sacerdócio é, pois, dom e mistério, como nos dizia o Papa João Paulo II. Dom imerecido por quem quer que seja devido ao mistério que o envolve: um simples homem ser o representante de Deus Altíssimo e agir com Sua autoridade, a ponto de Cristo declarar. “Quem vos recebe, a mim recebe” (Mt 10,40).
Como chamou os Apóstolos, Jesus continuou a chamar outros durante toda a história da Igreja para que fossem “pescadores de Homens” (cf. Mc 1,17) e ainda na atualidade não Se cansa de dirigir Seu suave, e ao mesmo tempo, forte convite: “Vem e segue-me”. Ele chama aqueles que Ele quer (cf. Mc 3,13). Mas dos que chama espera sempre uma resposta. Muitos dizem sim como Maria, os primeiros discípulos, os Santos; outros, infelizmente, obstinam-se em se negar ao Serviço do Senhor.
Caríssimos amigos, Jesus continua a chamar, você tem coragem de segui-lo radicalmente, doar a vida e ser feliz. É uma grande e desafiadora missão. Contudo, o que importa é confiar em Deus e fazer como os primeiros Apóstolos que “... imediatamente deixando as redes, o seguiram” (Mc 1,18).


3. As chamadas do Bom Pastor
Por: Pe. José Cristo Rey Garcia Paredes

Que estremecimento produz esta expressão na boca de uma pessoa jovem: "Aqui estou, Senhor, tu me tens chamado". Encontramos-nos com alguém que afirma com determinação que tem escutado a voz de Deus, a voz de Jesus. 
Que estremecimento produz ver como os chamados não são só homens, mais também mulheres! Elas, quando se apresentam ante ao altar o fazem com humildade, porém também com uma impressionante dignidade e contundência: "Tu me tens chamado!”. Porém também casais que podem dizer: “Tu nos tem chamado!”
Estas chamadas não se iniciaram agora, em nosso tempo. A emoção é descobrir a sucessão. As mulheres e homens "chamados por Deus" sucedem a uma longa lista de “escolhidos” e “escolhidas”: já o fez Jesus, quando vivia ente nos! Um amigo exegeta me fez notar em uma ocasião o seguinte: Se surpreendente é que Jesus chamara alguns jovens a deixar tudo e segui-lo (dentro do contexto patriarcal, própria daquela cultura), mais surpreendente e revolucionário foi que chamou para segui-Lo algumas mulheres (Lucas 8). Elas o seguiram até onde os discípulos homens não foram capazes: até a cruz! 
É surpreendente que as "chamadas de Jesus" não eram dirigidas majoritariamente a homens ou mulheres solteiros: mais sobre tudo aos casados (Pedro, Joana – mulher de Cusa -)! Também hoje Jesus ressuscitado segue chamando. Interrompe a história de não poucas pessoas para lhes propor um novo projeto, para fazê-los “cúmplices” do Espírito na missão transformadora.
As chamadas de Jesus criam uma rede admirável. Trata-se de uma convocatória sem discriminações: quem tem um projeto de casal e a quem se descobre com o carisma do celibato, quem segue fascinado pelo mundo do espírito e quem sua fascinação lhes faz empreender um projeto de criação e procriação, de política e trabalho, de transformação.
Orar pelas vocações é orar por uma Igreja de convocadas e convocados. Orar para que nenhum batizado deixe de descobrir sua chamada; para que os casais descubram sua dual vocação cristã e para que ninguém se case sem vocação. Orar para que o Espírito suscite personagens proféticos que dediquem sua vida e seus dons ao serviço da comunidade cristã no ministério ou na animação espiritual e evangélica.
Nós lamentamos da falta de vocações. E até suspeitamos que a culpa esteja na falta de generosidade das novas gerações, no materialismo ambiental, na sedução que sobre eles e elas exerce esta sociedade secularizada. Não nos atrevemos a formular a pergunta teológica: porque Deus, o que tudo pode, não chama “eficazmente”? Por que não derruba do cavalo a tantos “saulos” com os quais poderia contar?
 Eu me recuso a crer que nosso Deus, que é o Senhor ressuscitado, não chame. Ele é o bom Pastor que faz ouvir sua voz. E suas ovelhas “ouvem sua voz”. O Abbá as pos em suas mãos, e o Maligno não as arrebatara de suas mãos. O Bom Pastor seduz suas ovelhas, as que o Abbá lhe tem dado. Não tem somente um rebanho masculino, mais também feminino. A elas e a eles lhes dirige a eficaz e provocadora chamada. Outra questão é em que âmbitos se resume essa voz e em que espaço pode cumprir a chamada que a obedecem.
O que chama é criador e inovador. Não se sente obrigado a fazer “o de sempre”. Hoje chama de "forma diferente". Quem colabora em servir com o dom da chamada tem de reconhecer que a chamada de hoje é mais inclusiva, mais globalizada, menos unidirecional. A Igreja do futuro será o que o acontecer vocacional determine. E então os servidores institucionais deverão deixar que a imaginação criadora e inovadora lhe sugira um novo modo de configuração eclesial, comunitária, da congregação ou de institucionalização.
Também me impressiona, na segunda leitura deste domingo a afirmação: O Cordeiro pastoreará! É como se dissesse: a entrega até a morte, seu sacrifício - como cordeiro levado ao matadouro - habilitaram Jesus para a sua tarefa pastoral. Antes de Pastor tinha sido Cordeiro imolado. Sentiu sobre si mesmo a violência, a marginalização. Jesus se aproxima do Trono de Deus depois do Grande Sacrifício. E desde lá dirige a história e chama a humanidade para que se encaminhe até a nova Jerusalém, a nova terra e os céus novos.
A entrega da vida sem reservas, configuram a liderança de Jesus. A relação com suas ovelhas é marcada por uma relação íntima de chamada e resposta:"Minhas ovelhas escutam minha voz, e eu as conheço, e eles me seguem, e eu lhes dou a vida eterna". Ninguém seguirá Jesus como personagem anônimo, como um número dentro da massa. Jesus se segue por “designação pessoal”, por chamada inequívoca. Porque Jesus conta com todos e com cada um: “sorrindo disse meu nome”.
A vocação é um convite para entrar na Vida, receber Vida inesgotável. Jesus é a fonte da Vida. As chamadas do Pastor não são ameaçadoras; não são alternativas tremendistas. Ele não ameaçam o inferno. Seduz e promete a quem dirige sua voz que "não perecerão para sempre!” e lhes assegura a perseverança: "ninguém poderá as arrebatar de sua mão". A chamada de Jesus nunca terminará no fracasso: Jesus identifica sua mão poderosa, com a mão de Deus Abbá. Ninguém, nada poderá arrebatar de sua mão a quem Ele chamou. Dentro deste contexto de esperança fica sempre uma incógnita simbolizada na figura de Judas: o filho da perdição! Tipifiquemos em três chamadas a voz do bom Pastor hoje:
A chamada para participar no "ministério pastoral" de Jesus é sublime. É dirigida a muitas pessoas e de muitas formas. Gera uma grande comunidade de participantes. Exige um imenso cuidado para que nada suplante o Pastor, nem ofusque sua presença, nem silencie sua palavra, nem se apodere de “suas” ovelhas. Mostra todo seu esplendor na humilde Presença permanente de Jesus em sua Igreja. Não esqueçamos que se pastoreiam as ovelhas do Senhor, convertendo-se como o Senhor em cordeiro imolado.
A chamada dual para tantos casais que Jesus, o Bom Pastor, necessita para iluminar o amor no mundo e acrescentar constantemente a humanidade e cuidar como um pai e uma mãe. A tarefa pastoral de Deus também acontece na família. Lá também a chamada para ser cordeiro e pastor ou se faz presente.
Também as chamadas para procurar e cuidar junto ao Bom Pastor das ovelhas perdidas, as que não fazem parte do redil, aquelas a quem a morte, o Maligno ameaça e tem em sua mão. Quem escuta esta voz se tornam mulheres e homens limítrofes. Localizam-se ali onde há dor, marginalização, pobreza, distância, exclusão. Levam “longe” os cuidados do bom Pastor, o fazem presente para curar, para atrair e conduzir de novo ao redil.
suscitem nelas o interesse por escutar a voz do Pastor e a chamada que lhes dirige. Não necessitam talvez de teorias sobre as vocações na Igreja. Somente relatos reais que comovam sua sensibilidade, que exerçam o atrativo por algo irresistível que vem de Deus: relatos de casais, relatos de ministros ordenados, relatos de pessoas e grupos carismáticos. É necessário contar de novo a história de Jesus e de seus primeiros discípulos e discípulas, porém com mais encanto, com menos dogmatismo; com mais paixão e com menos rigorismo; com mais utopia e com menos realismo. Quando o Bom Pastor faz ouvir sua voz, quem poderá resistir? Bem-aventurados seus porta-vozes.

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